sábado, 4 de janeiro de 2014

Algemas de Seda (Jake and Mimi) - Frank Baldwin - Resenha

Algemas de Seda: a história de Jake e Mimi
Título original: Jake and Mimi    
Autor: Frank Baldwin 
Páginas: 320            Ano: 2012         Editora: Geracão       Colecão Muito Prazer
Nota: Bom
    
Mimi Lessing está noiva do homem que ama, quando seu colega de trabalho, o irresistível Jake Teller, desperta a sua curiosidade e interesse. Disposto a seduzi-la, Jake a convida a assistir, sem ser vista, aos jogos eróticos dele com suas parceiras, a quem leva ao êxtase sexual por meio da dor. A imaginação de Mimi é estimulada a tal ponto, que ela começa a questionar os seus planos de casamento e a sua vida sexual plácida demais com o noivo, sem perceber que, enquanto isso, um homem excêntrico e perigoso secretamente a segue e a observa, inclusive nos momentos mais íntimos.

Algemas de Seda, de Frank Baldwin, foi o primeiro livro da Coleção Muito Prazer, que começou em 2012, e ainda está sendo lançada pela editora Geração. O grau de erotismo de cada romance é representado por uma pimentinha: verde para "picante", laranja para "médio picante", e vermelha para "muito picante".

Jake Teller é um homem galanteador e charmoso; ele é uma espécie de predador, mas um predador muito paciente, não é porque uma mulher o atrai que ele logo parte pra cima, ele deixa que as coisas aconteçam, e quando a oportunidade aparece, ele consegue dar a suas parceiras o sexo mais prazeroso de suas vidas. Mas, com Jake, tudo funciona de uma maneira diferente e inesperada, ele amarra sua escolhida com faixas de seda, da maneira mais conveniente que a situação proporciona, e a leva ao limite. Ele cria tanta tensão que elas imploram pelo seu toque. Ele as leva ao limite, ao limite e além.

Mimi Lessing é uma mulher de 25 anos bonita e inteligente, que está noiva de Mark, seu primeiro e único namorado. Em uma noite durante um jogo entre duas faculdades, um amigo seu, por engano, a agarra e a olha nos olhos com um olhar selvagem e sensual. Mesmo que tenha sido um acidente, e que ela esteja noiva, e que o rapaz que fez isso seja marido de sua cunhada; Mimi percebe que a eletricidade que sentiu era algo que não sentia faz tempo. Percebe que sua vida sexual não a satisfaz mais como antes; as relações que tem com seu noivo, começam sempre do mesmo jeito, acontecem sempre do mesmo jeito, e terminam sempre do mesmo jeito. Como se fosse um roteiro a ser seguido.

Teller e Lessing se conhecem através do trabalho, os dois são contadores. Desde a primeira vez que eles são apresentados percebemos uma atração, ainda não muito forte. Como já falei, as coisas acontecem de maneira sútil e ao mesmo tempo surpreendente. Não é como em alguns romances que o casal se conhece, e na primeira oportunidade estão se agarrando como dois animais. Nesse romance o leitor percebe como e porquê as coisas estão acontecendo. Através de um olhar que é dirigido de certa forma, e que transparece certa ânsia por alguma coisa; um diálogo que muda de tom.

Depois de conhecê-la, e se encantar, Jake a convida para assistir suas sessões de sexo, tortura e prazer...

A história é narrada pela visão de Jake, Mimi e... O Observador. O último é responsável pelo suspense do livro. Foi interessante termos três pontos de vista. Para Teller, o que ele faz é incrível, satisfatório, glorioso, de fazer o sangue ferver; para Lessing assistir à tudo aquilo é excitante e desorientador; e para o Observador é algo sujo, imoral, impróprio e escandaloso.

Uma coisa que não me agrada muito nos livros (principalmente românticos), é o adultério. E é uma coisa que tem de sobra nesse romance. Esses livros acabam, as vezes de maneira não intencional, nos fazendo aceitar que tudo bem trair marido ou namorado (a), se o seu desejo for muito forte.

E eu simplesmente não aceito isso.

Quando se está comprometido com uma pessoa, em um relacionamento monogâmico, a fidelidade deve existir. Se não estiver feliz, converse. Se não tiver jeito, termine. Trair um sentimento que é puro e verdadeiro, por uma prazer que você acha que precisa achar, é algo indesculpável. Mas, mesmo assim, creio que seja perdoável.

Um ótimo exemplo de adultério na literatura, é o genial livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós, onde a protagonista, Luísa, acredita que para ser plenamente feliz no casamento, ela tem que ter um amante. E que só assim poderá viver um grande amor. Ideia que acabou levando-a a se relacionar com seu primo; relacionamento clandestino que quando foi descoberto, acabou culminando em sua morte.

Livros românticos (geralmente são direcionados para o público feminino), que mostram mulheres traindo seus maridos ou namorados, e sobre como mentir para o tal é excitante, e como elas saem vitoriosas em suas escapadas é muito chato de se ler. Eu sei que coisas assim acontecem, e que muitos saem "impunes". Mas, por favor, conte-nos histórias de casais que estejam comprometidos apenas um com o outro!

Outro ponto negativo do livro, são os flashes. Alguns são extremamente maçantes; e não entendi o porquê daquelas explicações. Talvez o motivo tenha sido esse: explicações. Mas não justificaram nada. Porque não tinham o quê justificar. Foram partes desnecessárias. Algumas vezes quando chegava num capítulo que eu via que era um flash, dava vontade de pular e vir logo para o 'presente'.

Independentemente disso, devo pontuar algo que achei muito interessante no contexto geral dessa obra: o sexo nesse romance é apresentado como um um... Ultrapassador de barreiras. Não apenas tabus sexuais, mas o consciente e inconsciente de cada um. As partes mais eróticas do livro são em momentos puramente psicológicos. E nós vemos como isso começa a afetar Mimi, como afeta Jake, e as mulheres que ele seduz e leva pra cama. Em vários momentos eu me perguntei: "Caramba, como será que eu reagiria se fizessem isso comigo?”.

O desfecho foi... Legal. Esperava outra coisa... E me surpreendi. E, sinceramente, não de uma maneira muito positiva. Em vez de nos ter dado aqueles flashes, Baldwin deveria ter explicado melhor o 'presente'. Falado mais sobre o Observador.

Enfim, o livro é recomendável. Tem voyeurismo, bondage e sadismo. Não tem linguagem chula. (não que eu tenha alguma coisa contra). E as cenas são criativas, descritas com muitos detalhes e muita classe.

Com certeza vou ler os próximos livros da 
Coleção Muito Prazer.

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