terça-feira, 3 de novembro de 2015

Anna Karenina - Filme - Resenha

Século XIX. Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Karenin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles.

"O amor justifica essa loucura?"

Anna Karenina foi lançado em 2012 pelo diretor Joe Wright (responsável por filmes como Atonement e Pride andPrejudice); o responsável pela adaptação da obra de Tolstói para as telas foi Tom Stoppard. O filme dura cerca de 2hs e tem em seu elenco Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson e Matthew Macfadyen.

O filme conta a história de Anna Karenina uma aristocrata russa que vive um casamento monótono com um grande político. Ela viaja, participa de eventos sofisticados, vive quase de maneira individual ao seu casamento, a não ser pela forte ligação com seu filho.
O irmão de Anna anda sofrendo problemas em seu casamento devido a uma traição, que partiu dele mesmo, com a intenção de conversar e convencer sua cunhada, Anna vai visitá-los, e durante essa viagem ela conhece uma importante mulher, a irmã do rapaz que mudará sua vida para sempre.
É interessante ver como enquanto conversava com sua cunhada Anna defendia o irmão, de maneira que até compreensível, usando de forma racional argumentos emocionais.

“Era o animal que há no homem, não a alma.”

Entretanto, mesmo possuindo tal conhecimento sobre esse tipo de situação ela não foi racional o suficiente para não se deixar entregar às emoções, agindo assim, como ela mesmo havia falado sobre seu irmão, com um animal. Ela se entrega de maneira irracional e sem censura à um romance proibido com o possível futuro marido de sua sobrinha.
Quando seu marido começar a desconfiar já era tarde mais, um homem cristão e extremamente respeitador, que até mesmo ao confrontar sua esposa sobre um possível caso, consegue ser respeitoso e doce.

“Considero o ciúme ofensivo para você e degradante para mim. Não tenho o direito de questionar seus sentimentos. Eles pertencem apenas à sua consciência.”

Ora, mas ele também é humano, em certo momento torna-se agressivo, e diz que jamais perdoará a esposa. Será que o amor, mesmo sendo um sentimento puro, pode transformar uma pessoa boa em uma pessoa má? Ele foi errado em não perdoar? Cada personagem é questionado e se questiona a respeito de tudo nessa história. Ninguém fica a imune a humanidade.

Existem também as tramas paralelas, a jovem princesa que disse não quando pensava ter uma opção melhor, mas que depois de ver a desgraça se comove com seu antigo pretendente. Rapaz esse, inclusive que era nada ruim, pelo contrário, o mais sincero e apaixonado dos personagens com mais inocência e coragem de amar em seu coração. Seu nome é Konstantin Dmitrievich.

“Você morreria por amor Konstantin Dmitrievich?
Sim. Mas não pela esposa do meu próximo. Um amor impuro não é amor para mim. Admirar a esposa de outro homem é algo agradável, mas sucumbir a um desejo puramente sensual é ganância, uma espécie de glutonia, e má utilização de algo sagrado que nos foi dado para podermos escolher uma pessoa com quem completar nossa humanidade. Sem isso somos como animais.”

Anna decide largar tudo para viver seu amor proibido, e pouco a pouco a verdade lhe vem à tona. Passamos a vê-la de forma degradante e leviana. Engraçado que para seu ex-amante e futuro marido ela agora pareça inconsequente e tola. Sua opinião mudou a respeito da mulher que amava, quando as atitudes dela a respeito de seu ex-marido, passaram a ser feitas agora com ele. Ou talvez contra ele, já que a reputação do casal não é das melhores.

“Eu a visitaria se ela tivesse cometido um crime. Mas ela quebrou as regras”.

Anna, logo após um momento em que todos ficam escandalizados por sua presença, se vê sozinha, desconfiada, triste, depressiva, suicida, arrependida e indigna. A vida de Anna foi completamente levada por sua falta de escolhas, deixando-se levar apenas pelo que achava que sentia, e pelo acreditava que seu amante sentia. Mas aí vem a pergunta: para uma decisão ser considerada correta ela deve ser tomada de forma racional? Somente o que é racional é correto?

Não posso dizer que o filme seja esplendoroso em tudo, mas a história com certeza é. Anna e todos à sua volta são extremamente reais e genuínos. E só formamos uma opinião a respeito dela porque ela é a protagonista, com certeza se o foco fosse outro, poderíamos proliferar as mesmas palavras a respeito de qualquer um.
Anna é incrivelmente emocional e tola, amorosa e egoísta, doce e arrogante, vaidosa e degradante, e errante ao extremo. Mas enfim, quem não é?

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