terça-feira, 4 de março de 2014

Clube da Luta (Fight Club) - Chuck Palahniuk - Resenha


“Esta é a sua vida, e ela está acabando um minuto por vez.”. –Fight Club

“Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida.”

Fight Club, lançado em língua portuguesa como Clube da Luta, foi o segundo livro escrito por Chuck Palahniuk, mas foi o primeiro que o escritor conseguiu publicar. O romance saiu em 1996, e até hoje e considerando um dos mais originais, provocativos e perturbadores de sua época. Rendendo ao autor alguns prêmios e muita polêmica.

Fight Club conta a história de um homem, sem nome no livro, irado, cansado e infeliz com sua vida fútil e vazia; sem família e sem amigos, para ele nada importa ou faz sentido. Sua infelicidade e seu vazio existencial são tão grandes, que chegam a lhe causar insônia. Na tentativa de resolver seu problema ele começa a participar de grupos de apoio à pessoas doentes em estado terminal, acreditando que se ver sofrimento de verdade, sua infelicidade diminuirá.

“Toda noite eu morria, e toda noite eu nascia.”.

O plano funciona muito bem durante dois anos, até que ele conhece Marla Singer. Uma mulher que, assim como ele, é uma falsária. Marla também sofre com uma vida vazia e sem sentido, e encontra no maior sofrimento dos outros, a sua paz de espírito. Com isso, as coisas na vida do personagem voltam a piorar; até que durante uma viagem de trabalho, ele conhece Tyler Durden.

E então nasce o Clube da luta.

As regras são:
Primeira: Você não fala sobre o Clube da Luta.
Segunda: Você NÃO fala sobre o Clube da Luta.
Terceira: Quando alguém diz “pare” ou fica desacordado, mesmo que esteja fingindo, a luta acaba.
Quarta: Apenas duas pessoas por luta.
Quinta: Uma luta por vez.
Sexta: Sem camisa e sem sapatos.
Sétima: As lutas duram o tempo que tiverem que durar.

A historia é narrada em primeira pessoa, e a genialidade de Chuck transborda em cada página. Com uma construção de narração não linear, e não cronológica, o texto parece correr das páginas, parece que nunca se lê rápido o suficiente. Parágrafos de uma linha que jogam trechos do passado no meio do presente causam uma agitação e uma ansiedade impressionantes. Essa narração diferente realmente torna o livro perturbador e até meio macabro.

“Se não consigo chegar ao fundo do poço, não consigo ser salvo.”.

Cabe aqui lembrar, que apesar de se intitular “clube da luta”, violência mesmo, propriamente dita, é algo que quase não tem. Mostrando que o propósito do Clube da Luta não é reunir homens para trocarem socos, mas sim para que possam adquirir autoconhecimento. A violência é psicológica, os ataques são deferidos ao homem em geral como ser humano, e não como ser mais forte ou sociável.

“A meta do projeto era ensinar cada homem que ele tinha poder para controlar a história. Nós, cada um de nós, pode controlar o mundo.”.

O desfecho é com certeza um dos mais surpreendentes da literatura, quando o leitor acha que está entendo como tudo funciona, como o propósito anárquico funciona na vida dos personagens, tudo vira de cabeça para baixo. O fim justifica os meios e explica tudo o que pode parecer confuso ou sem sentido ao longo do livro.

Apesar de o livro ser ótimo, confesso que demorei um pouco pra ler as poucas 270 páginas. É uma história muito pesada, com personagens complexos. O protagonista é um louco, Tyler é um louco e Marla é uma louca! O livro está recheado de ironia e sarcasmo do início ao fim; é subversivo e cheio de ataques ao sistema e a sociedade. Incomoda, perturba e atordoa. E por isso é genial.

“Um momento era o máximo que você poderia esperar de algo perfeito.”.

A edição da editora LeYa, tem uma capa incrível. Tem sangue derramado, sabão e espuma, as letras do título estão em relevo, e cada um desses três itens tem uma composição diferente, realmente uma arte muito criativa e fiel à história.

O norte-americano Chuck Palahniuk não parou por ai, dentre outros seu sétimo livro, Haunted, traduzido em língua portuguesa para 
Assombro, também rendeu polêmica e até alguns desmaios.

O livro Fight Club foi adaptado para o cinema em 1999, com 
Brad PittEdward Norton Helena Bonham Carter nos papéis principais; e um coadjuvante que na época não era tão conhecido, o hoje cantor e ator Jared Leto. A direção foi de David Fincher, que já era querido do público pelo filme Seven.

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